Terceirização de TI

Crescimento do setor, escassez de profissionais e foco nas estratégias do negócio impulsionam o modelo no Brasil
A terceirização de serviços de tecnologia da informação (TI) tem ganhado força no Brasil e no mundo. Segundo a Gartner, o mercado global de outsourcing de TI deve movimentar US$ 470 bilhões em 2025, com alta de 6,7% em relação ao ano anterior. 

Também conhecido como Information Technology Outsourcing (ITO), o modelo viabiliza que companhias deleguem a fornecedores externos tarefas como desenvolvimento de softwares, gestão de infraestrutura e suporte técnico. A estratégia libera recursos internos e direciona os esforços para outras áreas do negócio. 

Levantamento da Deloitte aponta que empresas que optam pela terceirização conseguem diminuir em até 30% os gastos com tecnologia. Com a terceirização de desenvolvimentos de sistemas, por exemplo, é possível contar com profissionais qualificados sem arcar com os custos de contratação, treinamento e retenção. 

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o outsourcing de TI tem sido uma alternativa viável para organizações de todos os portes, sobretudo após a pandemia de Covid-19, que acelerou a digitalização de processos. 

Além do acesso às tecnologias de ponta, o Sebrae destaca que os principais benefícios do IOT estão na automatização de processos, na padronização e no retorno rápido sobre o investimento. 

O modelo também ajuda a suprir a carência de mão de obra qualificada observada no país. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), o Brasil terá um déficit de 532 mil profissionais em áreas tecnológicas até o final deste ano.

O Sebrae destaca, ainda, que o ITO facilita o controle de resultados pelos gestores, otimizando a tomada de decisões e contribuindo para a melhoria dos serviços de TI, como a sustentação de aplicações, os processos de desenvolvimento de software, a administração de servidores e a gestão de ambientes em nuvem.

Cuidados ao realizar a terceirização

Apesar das vantagens, a terceirização de TI exige atenção redobrada na escolha dos parceiros. A busca por economia e agilidade não deve comprometer aspectos como segurança, comunicação e qualidade da entrega.

Para o engenheiro da Computação e CEO da Codebit, Heitor Cunha, um dos principais riscos está na perda de controle sobre os processos. Ao delegar atividades para parceiros externos, a empresa contratante deve priorizar uma prestadora de serviços que seja confiável, com boas recomendações e reputação positiva no mercado.

Outro ponto de atenção são os chamados custos ocultos. Embora o outsourcing costuma ser mais econômico, taxas adicionais podem surgir ao longo do contrato, comprometendo o orçamento inicial. Por isso, é aconselhável revisar todas as cláusulas antes da assinatura e garantir transparência entre as partes envolvidas.

A segurança da informação também deve ser tratada com prioridade. Com a vigência da Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD (lei nº 13.709/2018), qualquer falha no armazenamento ou compartilhamento de dados pode gerar sanções legais e prejudicar a reputação da empresa. 

“Ao terceirizar processos que envolvem dados sensíveis, é fundamental garantir que o parceiro siga boas práticas de segurança e esteja em conformidade com a legislação vigente”, destaca Cunha.

Quando uma equipe não atua de forma presencial, também é possível que ocorram ruídos na comunicação. Equipes externas nem sempre operam com o mesmo ritmo e cultura da organização contratante, o que pode provocar desalinhamentos e retrabalho. Em alguns casos, a falta de sintonia cultural pode comprometer os resultados. Uma solução apresentada é buscar fornecedores que compreendam o segmento de atuação da empresa e mantenham canais de diálogo abertos.

Além disso, é essencial avaliar se o parceiro está preparado para atender com foco e agilidade. “Muitos fornecedores atendem vários clientes simultaneamente. Por isso, é importante verificar se a empresa realmente tem capacidade operacional para entregar o que promete, evitando atrasos e frustrações”, alerta Cunha.